Este espaço é desaconselhável a menores de 21 anos,
porque a história de nossos políticos
pode causar deficiência moral irreversível.

É a vida de quengas disfarçadas de homens públicos; oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo. A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida pública.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

PARLAMENTARES COM ALMA DE BICHEIRO




Parece que, atualmente, não é mais assim.  Mas houve uma época em que os donos dos pontos de jogo do bicho, para demonstrar e curtir o prazer de sua condição financeira, costumavam andar enfeitados com pulseira ou colar bem grossos de ouro, enquanto deixavam a camisa aberta para exibir sua fartura financeira.  Aparentemente não se envergonhavam de sua imagem estar diretamente ligada à contravenção.  Desfrutavam de uma fartura e um poder diretamente proporcionais  à forma inescrupulosa como os alcançavam.  É o poder discutível.  
   
Pois é desse mesmo tipo de poder - muito discutível - que se fartam os políticos nacionais.   Da mesma forma que se  aproveitam da situação financeira que alcançaram lesando os cofres públicos, não  sentem  constrangimento algum em demonstrar sua bandidagem ou saber que  são vistos como ladrões.   A roubalheira lhes oferece conforto, da mesma forma que o jogo oferece aos bicheiros e as drogas aos traficantes.

Ainda que se vejam como seres grandiosos, continuam a serem vistos  por nós da mesma maneira que os outros tipos de marginais.  Afinal, marginal é marginal.  Ao menos nesse ponto somos obrigados a concordar com L.I. quando, ao sair em sua defesa, afirmou que Sarney não é um homem comum.

Após comparar a vida dos  parlamentares brasileiros e  de outros países culturalmente menos favorecidos com a vida dos parlamentares da Inglaterra ou Suécia, por exemplo, dá para perceber a que nível pertencem esses deslumbrados de Brasília, que não têm a menor noção do cargo que ocupam e não enxergam seu minúsculo tamanho.  Mantendo as devidas proporções, passear num helicóptero público é o mesmo que usar cordão de ouro pendurado no pescoço com a camisa aberta.

Ao justificar a conduta vergonhosa de José Ribamar (Sarnay), como vemos na reportagem abaixo,  Magno Bacelar-PV nos passou um atestado de gente miúda que só poderia, mesmo, chegar ao cargo que chegou, num país como o nosso, onde a tiriricagem é bem-vinda.
  
A reportagem completa, escrita por Ricardo Melo,  saiu, hoje, na Folha de São Paulo: 


Que vá de jumento

Mesmo num país com costumes políticos tão degradados, certos comportamenitos anda espantam. A atitude da família Sarney no Maranhão, ao usar um helicóptero público em convescotes privados, é um escárnio não apenas pelo fato em si mas também pela reação  que se seguiu.

Não basta que o passeio tenha sido feito em prejuízo do socorro a doentes. Tampouco que o companheiro de patuscada da família do presidente do Senado e de sua filha tenha sido um empresário de ficha duvidosa. É preciso mais, como que para convencer o povo de que as coisas são assim, e pronto.

"Queria que o presidente [do Senado] fosse andar em jumento? Queria o quê? Enfrentar um engarrafamento?  Esse helicóptero, é claro, tem que servir os doentes, mas tem que servir as autoridades, esta é a realidade."

Foi assim, com essa naturalidade e desfaçatez, que o vice-líder da governadora Roseana na Assembleia do Maranhão defendeu a família Sarney. Magno Bacelar, do Partido Verde, também reverberou as infames palavras do então presidente Lula sobre o senador:  "Ele não é uma pessoa qualquer".

Ao colocar em plano semelhante "doentes e autoridades", Bacelar fez duas coisas. Primeiro, refrescou na memória de todos por que o Maranhão está na lanterna de qualquer ranking de bem-estar, conforme destacou, com o talento habitual, Fernando de Barros e Silva neste mesmo espaço.

Segundo, não falou toda a verdade. O povo local já estaria satisfeito caso tivesse direitos ao menos parecidos aos dos coronéis do sarneysismo, num Estado onde a "realidade" é ostentar certos sobrenomes  (sobrenomes incluídos quando já adultos em sua certidão de nascimento, como no caso de José Ribamar e L.I.)
  
O parlamentar que nos desculpe, mas o Maranhão precisa de tratamento de choque. Para tomar emprestada sua própria imagem, só vai dar certo no dia em que os enfermos tiverem preferência e os políticos, montados em jumentos, enfrentarem engarrafamentos quando quiserem se refestelar na praia.