Este espaço é desaconselhável a menores de 21 anos,
porque a história de nossos políticos
pode causar deficiência moral irreversível.

É a vida de quengas disfarçadas de homens públicos; oportunistas que se aproveitam de tudo e roubam sem punição. Uma gente miúda com pose de autoridade respeitável, que engana o povo e dele debocha; vende a consciência e o respeito por si próprios em troca de dinheiro sujo. A maioria só não vende o corpo porque este, além de apodrecido, tem mais de trinta anos... não de idade, mas de vida pública.


sexta-feira, 18 de julho de 2008

Mão à palmatória e castigo no milho

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Versinho de botequim, bem de acordo com essa política chinfrim.
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Em mais de uma suas mentiras escrachadas, Luíz Inácio afirma que o delegado da PF - junto com dois auxiliares - é afastado do caso Daniel Dantas por vontade própria. E ainda, seguindo sua característica autoritária e arrogante diz:
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""Acho que "esse" delegado tem que ficar no caso. “Esse cidadão” não pode, depois de fazer uma investigação de quase quatro anos, na hora de finalizar o relatório, dizer “eu vou embora fazer meu curso” (desculpa usada para o afastamento) e ainda dar vazão a insinuações de que foi tirado. ... A não ser que ele não queira e diga que não quer.""
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Mas, está gravado – e todos ouvimos – que o delegado não quer se afastar do caso antes que esteja terminado. MENTE, mais uma vez, presiMente.
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Seguindo a inspiração de Joaquim Ferreira dos Santos (que não merece ter seu nome citado neste capítulo ... relembro os tempos da palmatória e a época em que crianças levadas ou mentirosas ficavam de castigo ajoelhadas em caroços de milho.
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E já para o castigo. De joelho no milho, agora mesmo, até a aprender a deixar de ser mentiroso.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Para quem conheceu a ingenuidade...

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... ou aqueles que gostariam de saber o que é isto.

Texto escrito por Joaquim Ferreira dos Santos num momento de saudade dos velhos tempos
e extrema inspiração.
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O toucinho que estava aqui ***
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Alberto Villas, jornalista da pesada, há dois anos lançou o livro "O mundo acabou" e ficou meses na lista dos mais vendidos. Nada de muito complicado, como é da índole das boas idéias. Villas relacionava coisas desaparecidas, como uma latinha de Neocid, aula de catecismo e a meia-sola. Suspirava saudade enquanto cerzia a meia no ovo de madeira. Acreditava, como eu, que o Flit e o flerte guiavam a Humanidade no fito dos bons propósitos. Hoje, no momento em que eles se foram, ficamos assim. Fritos.
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Um dia fomos tomar uma banana split no prédio da Mesbla, no Passeio, e Alberto sentiu que estava diante do homem certo. Primeiro, como se quisesse dar solenidade ao momento, ele cofiou o bigode com um pente de plástico Flamengo. Depois, puxou uma folha de papel almaço que trazia num dos bolsos da japona e pediu que eu assinasse ali, ao pé do contrato, um compromisso para redigir a orelha do livro. Fiquei lisonjeado, sorri aquele branco de quem passava carvão nos dentes, orgulhoso até o vinco da calça, e fi-lo imediatamente com a minha Parker 61, aquela da flechinha na ponta,, embebida em Super Quink. Pus aos pés o jamegão. Passei o mata-borrão para secar o excesso do azul real lavável e apertamo-nos as mãos, com os pronomes pessoais no caso oblíquo estalando na ponta da língua como se fosse uma argüição oral.
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O livro deu certo, e eu, na modéstia dos leoninos do segundo decanato, achei que tinha funcionado para o projeto como um chaveiro com pé de coelho, um Mug Simonal ou aquele indiozinho que dava cor tropical às transmissões da TV Tupi. Fui regiamente pago com uma blusa Ban Lon vinho, um almanaque dos Sobrinhos do Capitão e um vasilhame de leite CCPL. Não precisava tanto, mas o Alberto é um cara criado com mingau de aveia Quaker para sustentar a musculatura e a oração de Julio Louzada para nortear os princípios da alma. Nunca o acometeu uma espinhela caída de doença ou crime ético de colocar gilette na rabiola da pipa. Um homem digno, desses que não seriam empregados em qualquer organização do Daniel Dantas.

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Eis que agora Alberto, que como todo mundo está saturado de vida real, que como todo mundo não agüenta mais abrir o jornal e ser informado de que de todas as nostalgias apenas a do bicho-papão de fato existe - eis que ele prepara outra edição, com o título de "O mundo acabou de novo". É o "vamos fugir” de 2008. Para o Parque Xangai, no Rio, ou para o circo do Henrique e Arrelia, em São Paulo, mas longe de qualquer bala perdida. Alberto quer descansar um pouco da obrigação profissional de informar dos corruptos, dos canalhas, dessa tralha que nem a lavadora Bendix nem a sua água sanitária Super Globo dão jeito.

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Parece que ele agora vai se dedicar mais a colecionar expressões desaparecidas por carregar em no bojo sentimentos ou objetos já incompreensíveis para os jovens. "Esse filme é um abacaxi", "Ele passou para o científico", "Eu quero uma ligação para Recife", "Eu quero é mocotó".

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No novo livro, Albert suspirará saudoso pelo tempo em que as visitas pediam permissão para ir à casinha ou, diante de moça recém-casada, perguntavam se já tinha encomendado à cegonha. Havia pundonor, enteroviofórmio, emplastro e pedrinha no feijão. Mas não esse medo nauseabundo de ser morto pela PM no meio da rua. Não é escapismo, nada ver com a celebração do paraíso de 1958, mas um jeito de se pegar de novo a idéia da coisa - e, pela divulgação da lembrança, fazer com que o cotidiano das cidades volte a ser um quintal feliz.
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Alguém escreveu outro dia "Saudade da gonorréia" num muro de São Paulo. Alberto, mais elegante, comparando os medos de hoje com os de antanho, certamente grafitaria a nostalgia do medo maior de uma criança: "Saudade da carrocinha de cachorro". O resto era uma civilização envolta na seda azul do papel que envolvia a maçã.

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"O mundo acabou de novo" sai nos próximos meses e é mais uma tentativa bem-humorada de, através da memória de nossas inocências, de nossos pirulitos de chocolate da Kibon, chamar a assistência para que o doutor aplique uma pílula de vida em nossas existências moribundas. É uma tentativa de se chamar a rádiopatrulha para pôr ordem na barafunda deste condomínio e fazer com que se responda, sem mágoa, mas com indignação de um Mario Vianna, à pergunta que não quer calar: cadê o toucinho que estava aqui?

terça-feira, 15 de julho de 2008

De mãos dadas com o STF 2

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Nos comentários feitos no "capítulo" abaixo (De mãos dadas com o STF) dá para perceber que as opiniões se tornam partidárias. Surge mais um caso novo e logo se dividem em prós e contra o governo, favoráveis ou desfavoráveis ao PT. Pelo jeito, os lulistas aprovam a prisão de Daniel Dantas, enquanto os anti-lulistas, não.
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Pluschkatt transcreveu, em um de seus comentários, um texto de Reinaldo Azevedo - anti-lulista crônico - em que ele critica a ação da Polícia Federal, que vem demonstrando uma força que não apresentava antes. A quem a PF deve isto?
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Abaixo, comentário de FERNANDO DE BARROS E SILVA - Mocinhos e bandidos (o que está em letras verdes são comentários meus).
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SÃO PAULO - As operações da Polícia Federal ganharam corpo no governo Lula e logo se tornaram encenações midiáticas de justiçamento (a encenação é uma das caracerísticas do astro-pop Luís Inácio), uma espécie de teatro instantâneo para a TV cujo clímax reside na imagem da pessoa poderosa algemada e presa por algumas horas. Esse ritual de humilhação e execração pública - pelo qual o acusado fica exposto como se lhe gravassem com ferro em brasa na testa LADRÃO! - tem sido a verdadeira condenação das vítimas endinheiradas da PF. Na Justiça e ao cabo, todos sabem que vão se safar. A PF parece ter descoberto a fórmula mágica capaz de saciar o apetite das massas (o meu, inclusive) fazendo do espetáculo das prisões uma compensação para a quase certeza da impunidade no final. E dá-lhe grampo! - como nunca antes neste país.
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O delegado Protógenes Queiroz trouxe agora uma novidade à cultura policial da era Lula. As 245 páginas de seu inquérito são produto de uma cabeça messiânica em estado de êxtase . Além de grampear o idioma, o homem da lei se atribui a missão de salvar o país e combater obstinadamente os males do capitalismo (capitalismo é prerrogativa do nosso PresiMente). Protógenes é uma mistura de Eliot Ness com Sassá Mutema.
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Esse contrabando místico-ideológico que contamina o inquérito serve, na prática, para justificar barbaridades, como o pedido de prisão da jornalista Andréa Michael. Lendo a peça do delegado entende-se por que sua equipe invadiu o consultório de um dentista acreditando prender um doleiro.
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A inépcia, os atropelos e a megalomania da PF (parece que tanto o estado de êxtase quanto a megalomania são sintomas de contágio) beneficiarão os culpados, a começar pelo "bad boy" das privatizações, o neomeliante que espelha a face delinqüente do moderno capitalismo brasileiro inaugurado com Fernando Collor.
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Daniel Dantas é um vilão de novela, uma raposa de desenho animado. Todo mundo sabe que ele é o que é (um podero$o que se aproveita do comprometimento de outros tão corruptos quanto ele). Que "gênio do mal" é esse, tão transparente, tão trapalhão, sempre aprontando e sempre em apuros (em apuros estamos nós)? Protógenes corre o risco de tê-lo transformado numa vítima de sua ambição insana de livrar o mundo de todos os seus pecados.
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Em sua coluna de de domingo, Élio Gaspari conta como Daniel Dantas, ao ser contrariado em seus interesses (escusos, naturalmente), chama o presidente FHC ao embate e, logo depois de um encontro no gabinete presidencial, tem sua vontade atendida. Qual terá sido sua arma? A ameaça?
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É desprezível um presiMente que sofre de egolatria galopante, que se faz de homem do povo enquanto ridiculariza, humilha e espezinha quem está à sua volta. Mas a mim não importa se o prende-solta de Daniel Dantas beneficia este ou aquele político. Ladrões devem ser punidos. Infelizmente, aqui, só é punido o meliante pobre. Quem tem costas quentes, pelo poder de comprar vantagens ou de chantagear, sempre estará solto.
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Aliás, o assessor de Daniel Dantas está preso. E ele... solto.
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Enfim... já não sei mais quem é, de fato, contrário à prisão "arbitrária" de Daniel Dantas ou se é caso de politicagem.